12 de junho de 2009

Votação pela internet não é tão fácil quanto se pensa

image O site Vote Trust USA, um projeto da Fundação Verified Voting, publicou dia 04 de junho de 2009 o artigo “Internet Voting - Not as Easy as You Think”, comentando sobre uma das primeiras experiências norte-americanas com o sistema de votação totalmente pela internet e por telefone. A eleição, que aconteceu em Honolulu (Havaí), ocorreu durante os dias 6, 7 e 8 de maio de 2009 e contou com a participação de cerca de 115.000 eleitores.

No artigo, Barbara Simons e Justin Moore fazem uma análise crítica sobre a campanha de popularização do voto pela internet lançada pela Everyone Counts (E1C), empresa proprietária do sistema utilizado em Honolulu. Vale a pena conferir a versão traduzida que publicamos logo abaixo.


Votação pela internet: não é tão fácil quanto se pensa

Recentemente, o Huffington Post publicou um artigo sobre a última eleição no Havaí, realizada pela internet e pelo telefone. (“America's Newest State Holds America's Newest Election”). O artigo apresenta uma visão otimista e patriótica do sistema de eleição da empresa Everyone Counts (E1C) que permite aos eleitores enviar suas cédulas de votação de seus computadores domésticos ou através do telefone. Ele foi escrito por Aaron Contorer, executivo da E1C, e é efetivamente uma campanha de marketing para a E1C, uma vez que exagera no alcance da eleição, esquece dos outros métodos eleitorais (quando não chega a insultá-los), encobre os formidáveis desafios técnicos e os perigos inerentes ao envio eletrônico de cédulas de votação.

A eleição aconteceu em Honolulu e serviu para eleger os membros de um conselho de bairro. Portanto, não foi rediga pela legislação eleitoral do Havaí. Isso é importante porque a legislação eleitoral do Havaí, felizmente, requer uma verificação da cédula de votação pelo eleitor e, no pós-eleição, a auditoria de uma porcentagem destas cédulas. Uma vez que essas verificações e auditorias são impossíveis em um sistema de votação puramente baseado na internet, não existe previsão legal para utilizar o sistema E1C sob a atual legislação do Havaí.

No entanto, uma vez que essa pequena eleição está sendo utilizada para promover a generalização da votação pela internet, e ainda, considerando que o regime de voto pela internet está sendo proposto a todo o Estados Unidos, a questão exige uma profunda reflexão. Em resposta a múltiplos esforços para permitir a votação pela Internet nas principais eleições, alguns proeminentes especialistas em tecnologia assinaram uma declaração contra a adoção de sistemas de votação à base de Internet, sem que antes seja feita a análise e documentação dos numerosos perigos. Não como sugere o Sr. Contorer, que afirma que alguns opositores do voto pela internet acreditam que "a introdução de tecnologia em qualquer processo seja assustadora". Os signatários desta declaração não são de modo algum intimidados pela tecnologia. Na realidade, muitos deles são especialistas reconhecidos em sistemas de votação, o que certamente os tornam mais conscientes dos riscos associados à votação pela Internet.

O artigo afirma que uma vez que somos capazes de realizar serviços bancários e compras pela Internet, também devemos ser capazes de votar através dela. Esta é uma comparação comum (ou uma falsa informação) que frequentemente é feita na tentativa de conseguir apoio ao voto pela internet. Os bancos gastam muito tempo e dinheiro para garantir a segurança dos nossos ativos, e mesmo assim ainda existem riscos. O roubo de identidade e as fraudes afetam milhões de americanos e custam bilhões de dólares a cada ano. Somente podemos detectar tais fraudes porque somos capazes de monitorar o nosso dinheiro através de cada transação, do começo ao fim, incluindo as pessoas associadas a estas operações. Contudo, as eleições pela sua própria definição, desautorizam expressamente esse tipo de auditoria explícita, de um extremo a outro. Os eleitores depositam suas cédulas em segredo e não são capazes de comprovar aos outros em quem eles votaram. Os funcionários da eleição não podem ser capazes de depositar os votos para os cidadãos, exceto em circunstâncias muito especiais, determinadas em lei. A falta destas proteções básicas faz do voto pela internet uma idéia perigosa. Colocá-la no reino dos serviços bancários e do comércio virtual pode tornar seu autor discutível.

Existem importantes questões de segurança que qualquer vendedor deve resolver antes de declarar um sistema próprio para eleições públicas. No entanto, o autor encobre as várias questões levantadas sobre a segurança do voto eletrônico, referindo-se, várias vezes à "encriptografia de grau militar". É uma técnica bem conhecida no mercado de tecnologia de sistema de votação, onde os vendedores baseiam-se na força de sua codificação porque soa impressionante. Mas o fato é que a encriptação é apenas uma parte secundária de qualquer segurança eletrônica. Ela não faz absolutamente nada para proteger contra ataques internos, negativa de ataques de serviços, diferentes formas de spoofing, vírus ou muitos tipos de bugs no software padrão.

Mesmo as mais seguras redes militares de computadores já foram comprometidas, inclusive a recente grave violação do projeto de $300 bilhões de dólares do Pentágono "Joint Strike Fighter". Mesmo na ausência de adversários mal intencionados, é difícil que o software acerte, especialmente em um sistema em rede como o que a E1C vende. Os softwares de aviação e da área militar, escritos sobre padrões que requerem esforços no desenvolvimento dezenas ou centenas de vezes mais caros do que os programas de votação, estão em constante revisão e atualização.

Os americanos merecem o melhor sistema eleitoral disponível. Existem muitas opções para realizar eleições mais acessíveis, seguras e eficientes, e a internet terá o seu papel a desempenhar. Possibilidades atuais promissoras incluem a manutenção mais fácil dos registros dos dados do eleitor e a distribuição de cédulas em branco. Entretanto não devemos sujeitar a nossa democracia aos custos e riscos dos atuais sistemas de voto pela internet. Antes de nos apressar para implementar os sistemas de votação pela internet porque não queremos ficar "presos no passado", devemos nos concentrar em melhorar nossas eleições que já usam inovações construídas em tecnologias maduras e bem entendidas. Vamos deixar para trás o barulho e os insultos e construir um sistema eleitoral confiável, preciso e seguro, do qual todos poderemos nos orgulhar.

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